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Cientista social e eterno acadêmico de Ciências Sociais, professor do Ensino Médio, leitor assíduo de Saramago, Agamben... Alguns me rotulam de liberal, eu mesmo já fiz isso (quanta vergonha!)... hoje já me salvei comigo mesmo deste rótulo; Tenho sentido um profundo pessimismo com esse mundo louro, mas ainda resta uma esperança de ter espaço ao sol - que os bons ventos soprem sobre a ironia do destino e me levem à doces paragens.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Reestruturação do Ensino Médio?

A reestruturação do Ensino Médio encaminhada por Medida Provisória 746/2016, pelo presidente Michel Temer, tem recebido diversas críticas por especialistas em educação, tais como Frigotto, da UERJ, Nora Krawczyk, da Unicamp e Mônica Ribeiro Silva, da UFPR já se posicionaram veemente contrários ao modelo proposto, bem como a maior parte das entidades que atuam no campo educacional.

Dentre as inúmeras críticas eu seleciono dois pontos para falar. A primeira é que com a obrigatoriedade do ensino noturno para maiores de 18 anos, o governo parece se esquecer que, segundo dados do censo escolar, aproximadamente 36,6% dos jovens entre 15 a 17 anos trabalham. Temos aí um primeiro problema.

O segundo ponto, sobre a organização curricular, para além da possiblidade de exclusão das disciplinas de Arte, Educação Física, Sociologia e Filosofia, que antes eram obrigatórias no Ensino Médio e a Medida Provisória retirou a obrigatoriedade, deixando a critério dos Sistemas de Educação, e obviamente abrindo a possibilidade de exclusão das disciplinas. Com esta Medida Provisória, temos uma retomada de modelo curricular dos tempos da ditadura, com viés eficienticista e mercadológico e uma escola dual no modelo da Reforma Capanema, com uma escola para pobres e uma para ricos.


Sob a roupagem do currículo diversificado que dá a “opção” do estudante escolher sua formação em uma das áreas do conhecimento, linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou formação técnica e profissional se abandona uma educação integral, que é diferente de educação em tempo integral. O currículo diversificado foi abandonado na Europa ainda na década de 1960, sendo mantido apenas na Alemanha, país que entre os europeus é o que tem apresentado rendimento abaixo da média no PISA principalmente entre estudantes de classes trabalhadoras e imigrantes. O que os estudos do PISA demonstram é que na seleção para os diferentes tipos de escola a origem social é um fator determinante.

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