Reestruturação do Ensino Médio?
A reestruturação do Ensino Médio
encaminhada por Medida Provisória 746/2016, pelo presidente Michel Temer, tem
recebido diversas críticas por especialistas em educação, tais como Frigotto,
da UERJ, Nora Krawczyk, da Unicamp e Mônica Ribeiro Silva, da UFPR já se
posicionaram veemente contrários ao modelo proposto, bem como a maior parte das
entidades que atuam no campo educacional.
Dentre as inúmeras críticas eu
seleciono dois pontos para falar. A primeira é que com a obrigatoriedade do
ensino noturno para maiores de 18 anos, o governo parece se esquecer que, segundo
dados do censo escolar, aproximadamente 36,6% dos jovens entre 15 a 17 anos trabalham.
Temos aí um primeiro problema.
O segundo ponto, sobre a
organização curricular, para além da possiblidade de exclusão das disciplinas
de Arte, Educação Física, Sociologia e Filosofia, que antes eram obrigatórias no
Ensino Médio e a Medida Provisória retirou a obrigatoriedade, deixando a
critério dos Sistemas de Educação, e obviamente abrindo a possibilidade de
exclusão das disciplinas. Com esta Medida Provisória, temos uma retomada de
modelo curricular dos tempos da ditadura, com viés eficienticista e
mercadológico e uma escola dual no modelo da Reforma Capanema, com uma escola
para pobres e uma para ricos.
Sob a roupagem do currículo diversificado
que dá a “opção” do estudante escolher sua formação em uma das áreas do
conhecimento, linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou
formação técnica e profissional se abandona uma educação integral, que é
diferente de educação em tempo integral. O currículo diversificado foi
abandonado na Europa ainda na década de 1960, sendo mantido apenas na Alemanha,
país que entre os europeus é o que tem apresentado rendimento abaixo da média
no PISA principalmente entre estudantes de classes trabalhadoras e imigrantes.
O que os estudos do PISA demonstram é que na seleção para os diferentes tipos
de escola a origem social é um fator determinante.
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